sexta-feira, 15 de junho de 2012

TER 60 ANOS

Foi quase um choque quando li no mês passado a seguinte manchete: Idosos, com 60 anos ou mais, deverão se vacinar. E perto de completar 60 anos, vi que o termo idoso pesava. Fiquei matutando aquilo e me recusando a ser uma idosa. 
E enfim, os 60 anos chegaram! Eu tinha planejado uma grande festa para comemorar a minha vida sexagenária, mas optei por um outro presente! E hoje estou aqui a refletir sobre o que é ter 60 anos. 
Há algum tempo atrás, eu via a mulher de 60 anos como uma senhora pronta a pegar o seu crochezinho, seu bordado ou tricô, uma revistinha de palavras cruzadas e assim passar seu dia. Pele enrugada, cabelos grisalhos, de tailleur, sapatinho baixo, cabelinho curto, tendo a Missa aos domingos como o passeio principal.
Pois é, cheguei aos 60 com a certeza de que há velhos de 15 anos e jovens com a minha idade, porque a vida é apenas uma passagem com bons e maus momentos. Cada idade tem a sua beleza, os seus temores, seus gostos e desgostos, aventuras e desventuras...
Olho para trás com gratidão por tudo que vivi e recebi. Revejo a minha vida profissional e fico feliz por tê-la cumprido com dignidade, responsabilidade e muito amor pelo meu trabalho. Tive grandes perdas. Perdas irreparáveis que fazem meu peito doer com a dor mais doída. Mas, a vida foi muito generosa comigo ao me presentear com os meus maiores amores: meus filhos. Eu não poderia  desejar que fossem melhores. São meus grandes companheiros, paus para toda obra, para o que der e vier. Ah! Como eles são importantes para mim...
Vejo que ainda tenho a chance de realizar muitas coisas, de amadurecer um pouco mais e olhar a vida como uma dádiva de Deus. Ainda posso sonhar e fazer planos, posso aprender muito e recriar a vida, tornando-a cada dia mais especial para mim e para os meus. 
Chego aos 60 com a certeza de que sou feliz. Vivo cercada de amor, uma família incrível, tenho muitos amigos queridos de todas as idades e cabeças (e eu não sei viver sem eles), estou sempre me renovando e renovando a minha alma e meu espírito para ter a certeza de que posso recomeçar sempre. Vivo sem medo porque acredito na vida, na energia do universo, no poder Divino sem nunca perder o entusiasmo que acredito ser a minha marca registrada. Estou sempre pronta a começar do zero...
Quem me conhece melhor sabe que gosto muito do dia do meu aniversário. Herdei este gosto da mamãe!!! É um dia que me enche de prazer pelos abraços que recebo, pelas palavras de carinho, pelo desejo de tantas coisas boas, pelos presentes (adoro!), por poder compartilhar a minha alegria por estar celebrando  o meu viver.  
E eu fico muito feliz por saber enfrentar as agruras da vida sem nunca perder a esperança, de saber tirar de cada fracasso uma lição positiva, de reconhecer meus erros e pedir para ser perdoada, de perdoar, de voltar atrás, de saber, de fato, o que quero para a minha vida ou o que resta dela. 
Fico feliz por poder comer sem culpa, de ter o direito de fazer só o quero, de esquecer as coisas e não me sentir culpada, de me render a uma roupa velha e ficar em casa sem fazer nada, de ter os meus direitos de idosa reconhecidos.  
E se a gente começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo, fico feliz porque ainda estou muito viva. Eu não comecei a morrer ainda...

2 comentários: