quinta-feira, 10 de maio de 2012

Falando de mães

FALANDO DE MÃES

Vai chegando o Dia das Mães e o coração vai diminuindo e vem aquela dorzinha que dói lá no fundo chamada saudade.
Mamãe era ímpar, uma verdadeira guerreira, com uma força vinda de não sei onde, um bom humor contagiante e muito acolhedora. A nossa casa vivia sempre cheia de gente e talvez esta tenha sido a sua maior alegria, sempre. 
Ela se orgulhava de nos contar que só tinha estudado três anos, na roça. Que três anos mais bem aproveitados, pois mamãe tinha uma letra linda e escrevia muito bem. Adorava fazer acrósticos e brincava com as palavras como ninguém. Adorava poesias e quando as lia, era com o coração que fazia isto. Tinha por hábito anotar coisas que considerava importantes e se achava que ia ajudar alguém com aqueles escritos, não titubeava: arrancava a folha do caderno, já amarelado pelo tempo, dava para a pessoa dizendo: Leva, quando estiver triste leia isto ou isto vai te animar. Outro dia, mexendo numa caixa antiga achei uma oração que ela escreveu para meu filho quando ele fazia o vestibular. Coisas de vó, mãe duas vezes!
Minha filha ainda guarda muitos escritos de joguinhos que mamãe inventava para lembrar personagens de novelas. Sua memória invejável talvez resultasse disto...
Mamãe era costureira e era muito engraçado porque nunca tinha feito um curso, não usava um molde, nada, nada. Botava uma roupa pronta sobre o tecido, cortava e dali saiam belas peças que ela mesma escolhia o modelo. Só fazia o modelo que queria, nem adiantava mostrar o figurino. E foi de seu trabalho que ela conseguiu muitas coisas para si e para a família.
Mamãe era muito alegre e otimista. Se via alguém triste ou aborrecido, dizia logo: Ó, quanto pior você achar que isto é, pior vai ficar, hein? Ou, isto passa: tudo tem começo, meio e fim. Olha, não importa se a situação é boa ou ruim; ela vai mudar. Era uma ouvinte excepcional, por isso vivia cercada de amigos de todas as idades a quem tinha sempre uma palavra de afeto, de carinho, de incentivo.
Foi sempre a tia querida, a irmã tão amada, a mãe mais que perfeita que doou sempre tudo de si para fazer os outros mais felizes. 
São lições, meus queridos, que ficam para a vida toda. Que outra pessoa está sempre presente em nossas vidas, em bons ou tristes momentos?
Quem é capaz de se mostrar sempre forte, de amar incondicionalmente, de sofrer as  nossas dores , de renunciar a si mesma para nos pôr em primeiro lugar?
Mães não guardam nem rancores nem mágoas. Perdoam sempre... São o nosso refúgio nas horas de maior aflição e sua presença de paz é o que nos acalma e acalenta.
Mães também erram, mas erram sempre no desejo de acertar. 
Hoje o meu abraço e a minha oração vão para todas as mães: 
As que já se foram, como a minha, mas que cumpriram divinamente o seu papel aqui na terra.
As que saem cedo para trabalhar deixando seus filhos com o único objetivo de dar a eles uma vida melhor.
As mães de primeira viagem, atordoadas, assustadas, temerosas que desconhecem ainda todo o poder que tem.
As mais simples, as poderosas, as molengas, as duronas, as analfabetas, as sábias, as presentes e as ausentes.
As que não podem ter os filhos junto de si por um ou outro motivo.
As que procuram por seus filhos perdidos para um mundo que elas não escolheram e nem queriam para eles.
As que tem os filhos doentes e lutam pela sua sobrevivência.
As que perderam seus filhos para sempre e choram a dor da sua perda. 
Que todas tenham um dia das mães para ser lembrado para sempre.
Hoje o beijin é com gosto de saudade, muita saudade mamãe!

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