sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O MOÇO QUE LIA

Ele nem parecia alguém que gostasse de ler. Cabelo cheinho de gel, bem espetadinho, óculos modernos, na mão esquerda cinco anéis, na direita, quatro. Eu fiquei curiosa. Por que não tinha cinco na mão direita também? Quase perguntei, pois os anéis pareciam ter um significado. Eram sequenciais e tinham símbolos. 
Do nada, abre a mochila e tira um livro enorme e abre, rapidamente. Nem deu tempo para eu ler o título! Outra vez, curiosa!!! Lia rápido e eu acompanhava o movimento dos seus olhos e pensava: ah, este fez um daqueles cursos de leitura dinâmica. Seus olhos faíscavam. Mexe de novo na mochila e tira de lá uma caneta marca texto reluzente. E vai marcando todas as palavras, uma por uma, muito rápido... De repente, começa a marcar a linha toda, depois a página toda. Ah, parecia enlouquecido no meio daquelas palavras... E eu, morta de curiosidade: que palavras seriam aquelas que se faziam tão importantes para o moço do cabelo espetadinho que lia?
Virou a página e foi batendo, levemente, a caneta no livro. Saía lentamente do êxtase! A batida tinha um ritmo leve e suave. Seu rosto, até então transtornado, foi se tornando diferente. O moço que lia começou a marcar o texto aqui e ali e seus olhos já não corriam a página tão rapidamente. Parecia ter perdido o interesse pela leitura. Fechou o livro, da direita para a esquerda e colocou de volta na mochila. Assim, eu não fiquei sabendo que livro era aquele que, em tão pouco tempo, provocou emoções tão diferentes no moço que lia.      

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