quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

ANDANDO DE METRÔ

Eu gosto de andar de metrô. Entro e me ponho a observar o que vejo. De uma estação para outra sempre troco de lugar - isto quando o metrô não está inundado de gente. Assim, a minha observação ganha novos formatos e cores. 
Hoje foi bom! Havia várias pessoas lendo. Só o tal do 50 Tons de qualquer coisa, três pessoas liam e chamou minha atenção a variação de idade: uma garota bem jovem que à medida que lia, dava um risadinha marota, uma moça de uns trinta e poucos anos que não tirava os olhos do livro por nada deste mundo e uma senhorinha que lia e balançava a cabeça. Foi engraçado!
Bem a minha frente sentou-se um senhor muito loiro e de pele muito clara. Segurava nas mãos uma pastinha e quando se pôs a mexer nela (estava cheia de contas) foi ficando cada vez mais vermelho. Mexeu, remexeu  e, cada vez mais vermelho, dobrou cuidadosamente aquelas contas e guardou. Depois disso, deu um suspiro longo e fundo. 
Do meu lado esquerdo, uma garota lia um livro desta grossura cujo título não consegui ver. Fiquei intrigada porque a moça ficava colocando um clip na página que estava lendo. Não seria mais fácil deixar o clip quieto e só colocá-lo quando parasse de ler?
Uma outra mulher fazia palavras cruzadas ou sudoku. Não dava para ver direito. E de vez em quando fechava a mão e batia numa das têmporas e logo depois escrevia. Acho que chacoalhava a cachola para se lembrar da palavra ou acertar o número. Vai saber...
Um japonês bem velhinho lia um jornal, em japonês. Não sei o que leu, mas tirou um lenço do bolso e enxugou as lágrimas. Me deu um apertinho no coração ao ver a cena. 
Em pé, um estagiário de Direito suava em bica equilibrando um processo que lia sem parar, passando as folhas muito depressa e a sua cara era esta: fiz merda. O que vou falar para o chefe?  
Do meu lado direito, um senhor segurava um envelope grande da Fedex e a sua cara era de quem queria muito abrir o envelope, pois ele o examinava sem parar. Fiquei imaginando o que continha para ser tão minuciosamente examinado, fechado, dentro de um metrô. 
Em pé, um jovem devorava uma apostila de um concurso de agente federal não sei das quantas. Será que aprendia alguma coisa?
E por fim, quem não lia, dormia ou olhava para o nada. Restaram aqueles que "mexiam" no celular e aquele objeto parecia ser a coisa mais importante no momento. Da Luz à Santa Cruz não vi uma só pessoa dando bom dia ou boa tarde para alguém. Nem mesmo um sorriso. Por mais amarelo que fosse.  
                  

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